XX Congresso: independência<br>de análise e decisão

Francisco Lopes (Membro da Comissão Política)

Após meses de pre­pa­ração o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês vai re­a­lizar o seu XX Con­gresso. Acabou a fase de de­bate no Par­tido das Teses – Pro­jecto de Re­so­lução Po­lí­tica, ter­mina no pró­ximo fim-de-se­mana a eleição dos de­le­gados, de amanhã a quinze dias, a 2 de De­zembro, abrem os três dias de tra­ba­lhos do Con­gresso que cul­minam um largo pro­cesso de en­vol­vi­mento e par­ti­ci­pação do co­lec­tivo par­ti­dário.

O Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês avança e avan­çará de­ci­di­da­mente

Não é ainda tempo de ba­lanço, é tempo de uma ac­tiva in­ter­venção para as­se­gurar o êxito do Con­gresso, um êxito es­sen­cial ao re­forço do Par­tido, à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês, a um Por­tugal com fu­turo, à nossa causa in­ter­na­ci­o­na­lista.

O Con­gresso é mo­mento maior da vida do Par­tido. Numa si­tu­ação tão com­plexa e di­fícil o Par­tido é cha­mado a tomar de­ci­sões, as­se­gu­rando, também na pre­pa­ração e re­a­li­zação do Con­gresso, a sua in­de­pen­dência po­lí­tica e ide­o­ló­gica. Uma ca­rac­te­rís­tica que de­corre da sua na­tu­reza de classe e de­ter­mina em todos os planos a sua in­de­pen­dência da in­fluência, dos in­te­resses, da ide­o­logia e da po­lí­tica das forças do ca­pital.

Atento à vida, atento a todas as in­qui­e­ta­ções, re­fle­xões e con­tri­bui­ções, dando res­posta à si­tu­ação con­creta, o Par­tido segue o seu ca­minho, de­fine a sua es­tra­tégia e tác­tica ori­en­tado pelo mar­xismo-le­ni­nismo, re­cha­çando todas as de­rivas, todos as cam­pa­nhas mis­ti­fi­ca­doras, todas as ca­lú­nias vindas dos ini­migos de classe que de­sa­bri­da­mente o pro­curam en­fra­quecer e des­truir e de quem com eles con­verge. Um Par­tido que afirma a sua iden­ti­dade co­mu­nista, tra­balha para al­cançar os seus ob­jec­tivos, con­cre­tiza o seu com­pro­misso com os tra­ba­lha­dores e o povo.

É assim que ca­minha para o Con­gresso numa si­tu­ação em que estão pre­sentes ele­mentos de con­jun­tura mas pesam acima de tudo as­pectos de uma pers­pec­tiva mais larga. Há o per­curso de in­ter­venção po­lí­tica e da luta dos tra­ba­lha­dores e das massas po­pu­lares nos úl­timos anos a evi­den­ciar de forma no­tável que vale a pena lutar, que a luta de massas é o factor de­ci­sivo de re­sis­tência, in­ter­venção e trans­for­mação so­cial.

Na nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal com as pos­si­bi­li­dades que com­porta de de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos impõe-se a va­lo­ri­zação de todos os ob­jec­tivos que vão sendo al­can­çados como ele­mento in­dis­so­ciável das me­didas para a in­ten­si­fi­cação da acção do PCP e para o de­sen­vol­vi­mento da luta dos tra­ba­lha­dores e do povo.

Ao mesmo tempo, apesar dos passos dados, as li­mi­ta­ções e cons­tran­gi­mentos exis­tentes, tornam cada vez mais evi­dente a ne­ces­si­dade da rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e da al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, que o PCP pro­ta­go­niza, com a li­ber­tação do País do do­mínio do ca­pital mo­no­po­lista e da sub­missão ex­terna.

Avançar

Em cada uma das ques­tões da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, do quadro eu­ropeu, da si­tu­ação na­ci­onal, da luta e das or­ga­ni­za­ções de massas, da con­ver­gência dos de­mo­cratas e pa­tri­otas, da al­ter­na­tiva, do Par­tido e do seu re­forço, está pre­sente a adopção das ori­en­ta­ções e me­didas para a con­cre­ti­zação do Pro­grama do PCP «Uma de­mo­cracia avan­çada – os va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal».

É nesta si­tu­ação que o Par­tido re­a­liza o seu Con­gresso. Um Par­tido ne­ces­sário, in­dis­pen­sável e in­subs­ti­tuível, como tes­te­munha a sua his­tória he­róica, a sua acção nos úl­timos anos e a sua in­ter­venção na ac­tu­a­li­dade.

O Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês as­sume o seu papel e como sempre é alvo de uma cam­panha sis­te­má­tica por parte dos seus ini­migos. Num ar­senal in­fin­dável, ao ataque que pros­segue as­sente na acu­sação de par­tido dog­má­tico e sec­tário que não conta para nada as­socia-se agora o mar­telar da fal­si­fi­cação sobre o Par­tido que se sub­mete e pres­cinde dos seus ob­jec­tivos.

Não faltam e não fal­tarão além do si­len­ci­a­mento, as pres­sões, as chan­ta­gens e de­tur­pa­ções, a fal­si­fi­cação do con­teúdo das Teses – Pro­jecto de Re­so­lução Po­lí­tica. Não fal­tarão os ex­pe­di­entes de úl­tima hora. Não é de hoje. Querem en­fra­quecer a in­fluência do Par­tido, querem criar in­tran­qui­li­dade, mas pa­recem co­nhecer mal o PCP, va­ci­nado que está para estas cam­pa­nhas. O Con­gresso é a afir­mação do Par­tido do seu grande co­lec­tivo mi­li­tante, que de­ci­dirá com a in­de­pen­dência que o ca­rac­te­riza.

Não pres­cin­dindo dos ob­jec­tivos que são razão de ser da sua exis­tência, o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês não se li­mita a pro­clamá-los, pro­move a luta por ob­jec­tivos ime­di­atos, pela de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos, por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, por uma de­mo­cracia avan­çada, pelos va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal, como parte in­te­grante da luta pela con­cre­ti­zação dos seus ob­jec­tivos su­premos – o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.

O XX Con­gresso é um im­por­tante marco. Hoje, como ao longo da sua his­tória, com o seu co­lec­tivo mi­li­tante, com os tra­ba­lha­dores e o povo, firme nos seus ob­jec­tivos, en­fren­tando todas as in­tem­pé­ries, o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês avança e avan­çará de­ci­di­da­mente.

 



Mais artigos de: Opinião

A criatura e o criador

Houvesse discernimento, e os que acordaram assarapantados com a eleição de Trump, tomados por um misto de sentimento depressivo e de quem viu o diabo, facilmente descortinariam no nexo entre criatura e criador que as razões para a surpresa são escassas. É verdade que o estado de euforia...

Portugueses no mundo

Todos os dias úteis, a rádio pública emite uma rubrica de meia dúzia de minutos intitulada «Portugueses no Mundo», temática que tem agora também um formato televisivo. Todas as manhãs, à hora do trânsito, uma simpática jornalista...

Não andará tudo ligado?

Um homem anda durante 28 dias em fuga e pode conjecturar-se se assim não continuaria se não se tivesse entregado. Tranquilize-se entretanto quem esteja a ler, porque não se trata aqui de opinar sobre uma matéria à qual um órgão da estatura do Correio da Manhã tem...

EUA e UE

As eleições nos EUA são expressão da crise do sistema. Os seus resultados contribuirão para o ulterior aprofundamento dessa crise. Nos EUA e a nível mundial. Todo o processo eleitoral espelhou um profundo descontentamento popular. Que é fruto da perda de nível...

Eis o Trump

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA está a convulsionar os bem pensantes do politicamente correcto. A origem directa do desnorte está na campanha eleitoral realizada e não apenas pelo desconchavo da prestação de Trump (o homem...